21.9.10

Elizabeth Gilbert e as nossas viagens...

60 dias em tratamento e 38 dias em internação... Um presente que tenho recebido nesta temporada chama-se "Conversas de Corredor" ou se a prosa avança, "Visitas ao quarto ao lado".
Se enganou quem visualizou uma lamentação pelos tão conhecidos efeitos colaterais da quimioterapia. Não! Quem quer reclamar não procura novas pessoas, alegra-se em fazê-lo com os familiares.
Nossas divagações dialogam com prazeres, planos e, curiosamente, viagens. A recorrência em sonhar com uma bela e, muitas vezes, longa, viagem me fez refletir se ela assume o papel de celebração ou de reencontro pessoal. Não escutei a palavra comemoração, nem nos meus pensamentos noturnos.
Nesse enredo, a enfermeira também complementa: Após 02 anos de tratamento, um paciente de 72 anos decidiu tomar a mulher pelos braços e passear três meses pela Italia. Fazia mais de 20 anos que eles não saiam de São Paulo.
Será que estamos todos no chão do banheiro às 3h da manhã chorando como fez Elizabeth Gilbert?
Tenho pensado na minha viagem.
A leucemia provocou uma ruptura estrutural na minha vida. Não! Definitivamente ela não era ruim! No entanto, o cenário: mulher solteira, livre, independente e que usa dez horas do dia na luta pelo espaço de trabalho no ambiente corporativo não tem me parecido o melhor destino para o meu retorno.
Se eu estou lutando tanto para levantar deste piso frio em plena madrugada, não preciso encontrar algo que faça mais sentido?

Tem alguém aí que possa compartilhar se já carimbou o passaporte com este propósito?

Obs. Segue link com o video inspirador deste post
Entrevista de Jorge Pontual com Elizabeth Gilbert http://globonews.globo.com/platb/milenio/2010/09/20/um-encontro-em-dois-botoes/#comments

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